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Tratando os Transtornos Alimentares na Saúde Mental

Tratando os Transtornos Alimentares na Saúde Mental

Os transtornos alimentares (TAs) se caracterizam por grave perturbação do comportamento alimentar, levando a prejuízos clínicos, psicológicos e sociais. São quadros psicopatológicos de difícil tratamento em função da sua complexa etiologia, que inclui fatores socioculturais, genéticos, neuroquímicos, familiares e associados ao desenvolvimento psicológico do indivíduo (NICE, 2004).

Os transtornos alimentares não são patologias da modernidade. Quatrocentos anos antes do diagnóstico clínico da anorexia nervosa, já havia descrição de comportamentos anoréxicos em contextos religiosos. Isso mostra que não é somente o sobrepeso e o comer demais que pode ser caracterizado como transtorno alimentar, mas sim o não comer ou expulsar o que comeu com o objetivo de não ganhar peso.

Na idade média, tendo como exemplo Santa Catarina di Siena (1347-1380), o controle do apetite era associado à purificação e a crenças religiosas, sendo o jejum visto como uma maneira de se alcançar a santidade. A busca da “beleza espiritual” como justificativa para o emagrecimento cedeu lugar à busca pela beleza física e pela magreza nas sociedades ocidentais atuais (Freitas, 2007).

Tipos de Transtornos Alimentares descritos no DSM-V-TR

  • Anorexia nervosa:

A anorexia nervosa (AN) se caracteriza pela aversão do indivíduo de manter o peso corporal igual ou acima do mínimo adequado de acordo com sua idade e altura. Existe um medo grande de se tornar gordo e devido a isso existe uma restrição alimentar voluntária e uma busca insaciável pela magreza. O diagnóstico é realizado quando o indivíduo se encontra 85% abaixo do peso corporal ou quando se tem fracasso em ter um ganho de peso durante a fase de crescimento.

  • Bulimia:

Na bulimia nervosa (BN) ocorrem episódios caracterizados pela ingestão de grandes quantidades de comida em um período curto de tempo (por exemplo, até 1 hora). Durante esses episódios, o indivíduo relata sensação de perda de controle sobre si, refletido no comportamento alimentar, com dificuldade tanto para parar de comer quanto para controlar o tipo de alimento que está sendo ingerido. Seguido a esses episódios compulsivos existem a utilização de métodos compensatórios disfuncionais e recorrentes para se evitar o ganho de peso como dietas restritivas ou jejum, vômito induzido, exercício excessivo, uso de laxantes, diuréticos, anti diabéticos e outras medicações. Para se ter o diagnóstico, esses comportamentos devem ocorrer por pelo menos duas vezes por semana nos últimos três meses.

  • Transtorno da compulsão alimentar periódica

No caso do Transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) os comportamentos compensatórios disfuncionais para o controle do peso não são existentes como nos casos de Bulimia, por exemplo. Este transtorno está associado a três ou mais dos seguintes critérios: Comer muito mais rapidamente do que o esperado; comer até se sentir desconfortável fisicamente; comer grandes quantidades de alimento em pouco tempo, mesmo sem fome; comer sozinho, por sentir vergonha em relação a quantidade de alimentos consumidos e sentir repulsa por si mesmo, depressão ou muita culpa após comer excessivamente.

Alguns fatores que predispõem o desenvolvimento do Transtorno Alimentar

  • Problemas familiares
  • Outros familiares com transtorno alimentar
  • Pais rígidos
  • Convivência com pessoas que supervalorizam a imagem e o corpo
  • Baixa autoestima
  • Autocrítica
  • Separação dos pais
  • Abuso sexual infantil
  • Bullying
  • Perdas familiares
  • Problemas escolares
  • Luto
  • Outras doenças já diagnosticadas, como por exemplo depressão e transtorno de personalidade e etc.

Pontos Comuns nos Transtornos Alimentares

Em grande parte dos transtornos alimentares o indivíduo apresenta o foco excessivo em relação ao peso, formato do corpo e nos alimentos, o que leva a comportamentos alimentares disfuncionais. Esses comportamentos podem afetar a saúde física devido ao corpo não estar sendo nutrido adequadamente. Os distúrbios alimentares podem prejudicar órgãos como o coração, o sistema digestivo, os ossos, os dentes e a boca e levar a outras doenças graves. Importante destacar que o indivíduo que apresenta esses transtornos têm um distúrbio da imagem que é caracterizado pela percepção alterada de si mesmo, sendo assim o indivíduo se preocupa excessivamente com seu corpo, pois o que vê diante do espelho não condiz com a realidade.

Avaliação e Tratamento do Transtorno Alimentar

Para se ter um diagnóstico de transtorno alimentar é preciso se consultar com um médico psiquiatra para uma avaliação em que se envolve:

  • Um exame físico, para descartar outras causas médicas, problemas hormonais e etc;
  • Avaliação com um psicólogo e acompanhamento psicológico, onde o psicólogo clínico irá analisar os padrões comportamentais alimentares, de pensamento e suas emoções.

Resumindo o tratamento psicológico é programado de acordo com os sintomas psicológicos apresentados pelo paciente para além do diagnóstico recebido.

O tratamento é multidisciplinar, além da assistência de médicos e de um psicólogo é necessário uma orientação nutricional. Para cada caso de acordo com a avaliação da gravidade e fatores pré dispositores o tratamento tem um direcionamento. que a seleção das técnicas a serem implementadas no tratamento deve ser orientada pela conceitualização de cada paciente, em vez de ser determinada pelo diagnóstico categorial (Fairburn, 2008; Murphy et al., 2010). A conceitualização consiste em uma análise que explicita os fatores que levaram ao desenvolvimento e à manutenção. Além de que dependendo da gravidade do caso pode ser necessária a internação (sendo voluntária ou compulsória).

A família desempenha um papel importante para o tratamento, onde com algumas modificações no sistema familiar pode se criar um ambiente mais colaborativo e facilitador para a mudança de hábito do paciente.

A Aster Psicologia e Psiquiatria Guarulhos é uma clínica especializada. Nela, tratamos questões de desordens alimentares com especialistas. Agende a sua consulta. Trabalhamos com atendimento humanizado e focado na evolução e melhora de cada paciente.

Escrito por D. N. Pegoraro – Psicóloga Clínica

Referências bibliográficas:
American Psychiatric Association. (1994). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-IV) (4th ed.) Washington, DC: Author.
Silvia Freitas. Doutora em Epidemiologia pelo Instituto de Medicina Social (UERJ). Coordenadora do Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE/RJ).
Duchesne. M. (2006). Terapia cognitivo-comportamental em grupo para pacientes obesos com transtorno da compulsão alimentar periódica. Dissertação de mestrado Não-publicada. Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Fairburn, C. G. (2008). Cognitive behavior therapy and eating disorders. New York: Guilford.
Murphy, R., Straebler, S., Cooper, Z., & Fairburn, C. G. (2010). Cognitive behavioral therapy for eating disorders. The Psychiatric clinics of North AmericaAm, 33(3), 611-627.
National Institute for Clinical Excellence. (2004). Eating disorders: core interventions in the treatment and management of anorexia nervosa, bulimia nervosa and related eating disorders. Clin. Guideline, No. 9. London. 2004. Acesso nov. 12, 2010, from www.nice.org.uk.
Keel, R K., & Brown, T. A. (2010). Update on course and outcome in eating disorders. The International Journal of Eating Disorders, 43, 195-204.

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