Vivemos na era das redes sociais, um ambiente que mistura conexões reais com ilusões cuidadosamente editadas. Fotos perfeitamente iluminadas, corpos esculpidos (muitas vezes por aplicativos de edição ou filtros), rostos sem marcas nem imperfeições e vidas que parecem sempre alegres e bem-sucedidas formam o pano de fundo que milhões de pessoas consomem todos os dias. Esse cenário, apesar de visualmente atraente, tem um custo emocional alto: está diretamente ligado ao aumento da baixa autoestima entre jovens, adultos e até mesmo crianças.
A constante exposição a esse conteúdo irreal influencia a forma como as pessoas enxergam a si mesmas e os outros. A comparação contínua com essas imagens artificiais cria um padrão de beleza e sucesso praticamente inalcançável. Mesmo sabendo racionalmente que muito do que vemos é editado ou encenado, somos emocionalmente impactados. A sensação de não ser “bom o suficiente”, ou de estar sempre atrás dos outros, gera frustração, insegurança e até sentimentos profundos de inadequação. Com o tempo, essa insatisfação recorrente contribui para o surgimento de transtornos emocionais, como ansiedade, depressão e distúrbios de imagem corporal.
Pesquisas realizadas em diversos países já identificaram correlações entre o uso excessivo das redes sociais e sintomas emocionais negativos. Um estudo publicado pelo Journal of Social and Clinical Psychology demonstrou
que indivíduos que reduzem o tempo de uso das redes sociais apresentam melhora significativa na autoestima e níveis de bem-estar. O impacto da comparação social virtual é real e vem sendo cada vez mais estudado por profissionais da saúde mental.
Como a Beleza Artificial nas Redes Sociais Impacta a Autoestima
A ascensão da beleza artificial representa um fenômeno relativamente novo, mas já profundamente enraizado na cultura digital. Ferramentas como filtros de embelezamento, aplicativos de retoque facial, correções corporais em tempo real e edições sofisticadas de imagem estão
acessíveis a qualquer usuário de celular. Esses recursos criaram um novo padrão estético digital — que não apenas influencia a percepção do público, mas altera a forma como as pessoas se veem e se apresentam.
O maior problema dessa nova estética é que, mesmo sabendo que essas imagens foram manipuladas, nosso cérebro tende a internalizá-las como padrão real. Mulheres, homens, adolescentes e até crianças crescem
vendo esses modelos “perfeitos” e, inevitavelmente, comparam-se a eles. A partir dessa comparação distorcida, passa-se a enxergar “defeitos” naquilo que é natural: uma pele com poros, um corpo com curvas reais, sinais do tempo ou até expressões genuínas. É uma desconexão entre a aparência digital e a realidade humana.
Além da estética, o conteúdo das redes sociais reforça uma outra ilusão: a de vidas perfeitas. Pessoas compartilham viagens internacionais, jantares caros, relacionamentos amorosos idealizados e conquistas profissionais — quase sempre sem mostrar os bastidores. Essa exibição constante leva à comparação social ascendente, ou seja, olhamos para cima, para quem parece estar em uma posição melhor, e passamos a nos sentir insuficientes. Esse efeito é ainda mais nocivo quando não se percebe que a maioria das postagens representa apenas recortes felizes de uma realidade muito mais complexa.
Com o tempo, essa comparação pode minar a autoestima de forma profunda. A crença de que todos estão mais bonitos, mais bem-sucedidos, mais felizes, enquanto a própria vida parece estagnada, reforça o sentimento de fracasso e inadequação. E isso se aplica tanto à estética quanto às esferas emocional, social e financeira.
Sinais de Que a Autoestima Está Sendo Atingida
É fundamental estar atento aos sinais de que o uso das redes sociais está prejudicando a autoestima. Embora nem sempre esses indícios sejam percebidos logo de início, com o tempo, tornam-se mais evidentes no comportamento, nos sentimentos e até nas decisões cotidianas.
Alguns sinais clássicos incluem:
- Passar horas comparando sua aparência ou estilo de vida com o de influenciadores ou celebridades;
- Evitar tirar fotos ou aparecer em vídeos por vergonha da própria imagem;
- Sentir-se inadequado ao observar a vida alheia, acreditando que está sempre ficando para trás;
- Sentir ansiedade ou tristeza após navegar por conteúdos que exibem padrões estéticos irreais ou conquistas alheias;
- Buscar validação constante por meio de curtidas e comentários, medindo o próprio valor pela aceitação online.
Outro sinal preocupante é o investimento excessivo de tempo e dinheiro para tentar atingir esses padrões irreais. Muitos recorrem a procedimentos estéticos sem necessidade clínica, realizam compras por impulso influenciados por promessas de transformação, ou fazem uso compulsivo de filtros para modificar cada detalhe do próprio rosto. Esses comportamentos criam uma dependência da aparência digital, em detrimento da construção de uma auto imagem saudável e realista.
Além disso, jovens têm demonstrado maior propensão a desenvolver dismorfia corporal — condição em que a pessoa tem uma percepção distorcida da própria imagem. Isso pode evoluir para quadros graves, como depressão, transtornos alimentares ou isolamento social.
Como Construir Uma Autoestima Mais Saudável na Era Digital
Apesar dos desafios impostos pela cultura digital, é possível fortalecer a autoestima e manter uma relação mais equilibrada com o mundo online. Isso exige atenção, escolhas conscientes e, principalmente, um olhar mais gentil sobre si mesmo.
O primeiro passo é desenvolver consciência crítica sobre o conteúdo que se consome. Entender que a maioria das postagens é planejada, editada e idealizada ajuda a reduzir o impacto negativo. Evite seguir perfis que promovem padrões inatingíveis. Em vez disso, busque conteúdos inspiradores, educativos, realistas e positivos.
Outro fator essencial é o autoconhecimento. Saber quem você é, o que valoriza e quais são suas forças te torna menos suscetível à pressão externa. Praticar a auto aceitação — enxergar suas qualidades e aceitar suas imperfeições — é uma forma poderosa de combater o julgamento interno. Trabalhar com afirmações positivas, registrar conquistas pessoais e praticar a gratidão são exercícios simples, mas eficazes.
Além disso, é importante fortalecer a identidade fora das redes sociais. Dedique-se a hobbies, esportes, arte, leitura, voluntariado ou convivência com pessoas queridas. Essas experiências ajudam a construir uma autoestima baseada em vivências reais, e não em validação digital.
Estabelecer limites no uso das redes sociais também é essencial. Defina horários específicos, evite o uso do celular antes de dormir e esteja presente no momento offline. O tempo de qualidade fora da internet contribui diretamente para o bem-estar mental e emocional.
O Papel Fundamental do Acompanhamento Psicológico
Mesmo com todas essas estratégias, muitas pessoas percebem que, sozinhas, não conseguem romper o ciclo da baixa autoestima alimentada pelas redes sociais. É aí que o acompanhamento psicológico se torna fundamental. O trabalho com um psicólogo oferece um espaço seguro para refletir, ressignificar experiências e desenvolver recursos internos para lidar com pressões e julgamentos.
A terapia ajuda a identificar padrões de pensamento negativos, crenças limitantes e comportamentos autodestrutivos. O psicólogo atua como um facilitador no processo de reconstrução da autoimagem, apoiando o paciente no resgate da sua identidade, na valorização da própria história e na construção de uma relação mais positiva consigo mesmo.
Além disso, o apoio psicológico pode ser decisivo para prevenir ou tratar condições como:
- Transtornos de imagem corporal
- Depressão
- Transtornos de ansiedade
- Transtornos alimentares
- Dependência digital
Em alguns casos, o suporte com psiquiatras pode ser necessário, especialmente quando há sintomas intensos ou necessidade de medicação. O importante é entender que buscar ajuda psicológica não é fraqueza — é um ato de coragem e autocuidado.
Conclusão
Vivemos em uma era de paradoxos: nunca estivemos tão conectados, e ao mesmo tempo, nunca nos sentimos tão comparados, cobrados e inseguros em relação a quem somos. A ascensão da beleza artificial e dos padrões irreais das redes sociais desafia constantemente nossa autoestima e saúde mental. A baixa autoestima, alimentada por comparações injustas e conteúdos manipulados, tornou-se um problema emocional relevante e urgente, especialmente entre os jovens.
Combater esse fenômeno exige consciência, mudanças de hábitos, autoconhecimento e, muitas vezes, apoio profissional. É fundamental questionar os modelos impostos, cultivar relações saudáveis com a própria imagem e valorizar a autenticidade em vez da perfeição fabricada.
O papel do acompanhamento psicológico nesse contexto é essencial. A terapia oferece ferramentas para desconstruir padrões tóxicos, fortalecer a autoconfiança e desenvolver uma auto imagem equilibrada e realista. Quando necessário, o apoio do psiquiatra também pode contribuir para estabilizar sintomas e promover saúde emocional, é por isso que nós da Aster Psicologia e Psiquiatria Guarulhos busca garantir o melhor tratamento aos seus pacientes, a fim de garantir o melhor estado de saúde e bem estar.
Em vez de buscar aprovação em moldes inalcançáveis, podemos — e devemos — aprender a valorizar quem somos de forma genuína, com todas as nossas imperfeições. Afinal, a verdadeira beleza não está em um feed editado, mas na capacidade de sermos inteiros, reais e conscientes.