Gaslighting
Saiba como se livrar do Abuso Emocional causado por alguém próximo a você.
Gaslighting – Abuso e violência psicológica
Qual a origem do termo Gaslighting?
A violência psicológica é ampla e o gaslighting é uma das formas de violências que existem. O termo gaslighting vem do filme Gaslight (À meia luz, em português) de 1944, na trama o homem de maneira proposital realiza ações a fim de enlouquecer a esposa e fazer com que ela pareça “louca” aos olhos de outras pessoas também, para assim o mesmo obter ganhos financeiros.
Uma das estratégias que o homem utiliza no filme é diminuir a quantidade de gás que alimenta as luzes da casa, ocasionando o enfraquecimento das mesmas. Quando a mulher diz que percebeu que as luzes estão enfraquecidas, o homem afirma que não tem nada de errado com a iluminação. No filme, o agressor também utiliza de outros atos astutos como fazer com que ela não encontre objetos e pense que está ouvindo passos no sótão vazio. Após todas essas situações que o agressor fez a vítima passar, ela começa a acreditar que está “perdendo a sanidade” e que tem alucinações, o marido por sua vez encoraja o isolamento da mulher alegando que seu “estado alterado” não a permite conviver com outras pessoas.
O que é o Gaslighting e qual o significado?
Segundo o Conselho Federal de Psicologia o “gaslighting” é uma forma de abuso mental em que o agressor distorce os fatos e omite situações para deixar a vítima em dúvida ou confusa em relação a sua memória e sanidade. (CFP, 2016).
Esse tipo de violência mental pode acontecer em diversas áreas:
Gaslighting educacional
Gaslighting corporativo
Gaslighting familiar.
No entanto, na área familiar é onde os episódios de gaslighting são mais recorrentes e onde se inciam os casos de mulheres que não conseguem por fim em relacionamentos abusivos.
O gaslighting é uma prática comum em relacionamentos abusivos, nos quais ocorrem comportamentos rotineiros que fazem com que a vítima se vê como incapaz, passa a duvidar do seu senso de realidade e de suas percepções, muitas vezes convence o parceiro convence a mulher de que ela é mesmo irracional, louca ou extremamente sensível. Tanto homens quanto mulheres podem praticar gaslighting nas relações afetivas. Porém, essa forma de violência emocional costuma ser mais predominante realizada pela população masculina. Dados mostram que essa realidade pode ser ocasionada pelo machismo perpetuado através do sistema patriarcal da nossa sociedade. No geral os abusadores tendem a ter um comportamento narcisista, o que justifica muitas vezes esse comportamento abusivo.
Exemplos de falas de quem realiza o gaslighting:
● “Não é isso que aconteceu”;
● “Você está ficando louca”;
● “Você está sendo muito sensível”;
● “Você está imaginando coisas”;
● “O problema é que você…”;
● “Não sei do que você está falando”;
● “Você gosta de causar”;
● “Começou com o mimimi”.
Outros tipos de violência psicológica contra a mulher:
Mansplaining: Quando um homem explica algo que é óbvio para aquela mulher (por exemplo: um homem que não é médico explicando algo para a mulher que é médica), quando um homem tenta explicar os sentimentos, pensamentos, comportamentos e o funcionamento do corpo da mulher para ela mesma. Ou seja, o homem invalida os conhecimentos da mulher diante de outras pessoas e dela própria.
Manterrupting: Quando um homem interrompe desnecessariamente uma mulher que está falando sem deixá-la concluir o que está dizendo, podendo atrapalhar a sua linha de raciocínio. O manterrupting é o comportamento do homem fazendo com que a fala da mulher tenha menor validade ou seja desprezada.
Manspreading: Quando um homem se espalha corporalmente nos espaços, abrindo as pernas e ocupando dois lugares, deixando as pessoas ao lado com menos espaço de assento. O manspreading acontece com maior frequência em transportes públicos e essa expressão corporal masculina tem como mensagem dominância e poder.
Hoovering: É um tipo de violência usada por pessoas com transtornos de personalidade narcisista, limítrofes e antissociais. O nome se dá por causa do aspirador Hoover, pois é literalmente quando a mulher é “sugada” de volta a um relacionamento abusivo. Costuma-se fazer promessas de mudança, dizer que não consegue ficar longe da amada, pedir a última conversa ou momento juntos, comprar presentes, fazer ameaças ou apelar para aspectos que sabem que atingem a mulher, que se torna vítima do abuso emocional.
Consequências à vítima do Gaslighting.
A vítima tem sua autoestima, amor próprio e autoconfiança afetados. A pessoa tende a se sentir insegura e fica com medo de participar da vida social , acabando por aceitar as diversas formas de desvalorização, sejam estas de ordem intelectual, emocional ou profissional, por exemplo. A prática do gaslighting tem como finalidade manter o outro submisso e sob controle, desmotivando a realização de denúncias e aumentando a culpabilização das vítimas. As mulheres que vão contra esta manipulação psicológica ou abuso emocional são vistas como figuras desnecessariamente agressivas, ameaçadoras, descontroladas e histéricas. (KRUGER, 2016)
O parceiro narcisista faz de tudo para desmerecer as suspeitas, e assim a pessoa esquece por um momento a desconfiança que estava tendo e se culpa por ter causado uma situação desconfortável. Por exemplo, uma situação que um parceiro suspeita de uma traição e a outra pessoa relata que não está ocorrendo nada do que ela está dizendo somado a acusação do outro estar “vendo coisas”, sendo dramático e “louco”.
A vítima pouco a pouco acredita mais no parceiro do que em si mesma e eventualmente pode apresentar esgotamento psicológico ou/e depressão.
É comum que essas pessoas busquem por um psicólogo sem ter a consciência de que estão sendo manipulados psicologicamente. É difícil para as vítimas perceberem a situação, devido ao sentimento que tem pelo parceiro e este atrapalha na hora do julgamento. Perceber isso pode ser chocante para a vítima.
O Conselho Federal de Psicologia (2016) também aborda que os diagnósticos de depressão e ansiedade são de grande parte do gênero feminino. Quando escutamos essas mulheres percebe-se que existe um nível de violência psicológica muito grande que enfrentaram e/ou atualmente enfrentam.
Como saber se sou vítima de Abuso Psicológico?
A principal maneira de saber se você é uma vítima de abuso emocional é refletindo sobre o seu relacionamento, sobre situações em que o parceiro fez com que você duvidasse de sua sanidade e do seu equilíbrio mental, se isso ocorre com frequência é um sinal de alerta.
Para analisar a situação às vezes se faz necessário levar em consideração observações externas de amigos e familiares, pois eles podem auxiliar com um olhar mais externo da sua relação afetiva.
É importante saber reconhecer o perfil do companheiro abusador, que causa violência psicológica à sua companheira ou vice versa. No geral o parceiro tem um transtorno de personalidade narcisista, tem hábito de consumo de alcool ou ainda alguma outra demanda que explicaria o seu comportamento abusador.
O que fazer para superar o Abuso Emocional?
Ser vítima de um parceiro narcisista, nem sempre é fácil e muitas feridas são abertas num relacionamento tóxico, que com o passar do tempo adoece a vítima. Se você perceber que você não está conseguindo sair desta situação sem ajuda, busque ajuda de pessoas queridas e também ajuda psicológica em Guarulhos para que possa ser trabalhado as questões de autoestima, autoconfiança e amor próprio. Por estar fragilizada emocionalmente pode ser complicado confrontar seu parceiro sem uma rede de apoio, pois ele pode utilizar de recursos para fazer com que esse ciclo se mantenha e você tenha uma recaída.
Primeiramente reflita para além do sentimento que tem por seu parceiro, se está acontecendo essas atitudes por parte dele, pois essas são questões que devem ser analisadas. Você deve partir do ponto de um modelo de relacionamento saudável os casais se encorajam, se apoiam, se elogiam, a relação é leve e agradável. Uma relação amorosa que esteja na contramão disso deve ser analisada e ddiscutida. Para isso converse com seu parceiro sobre o que vem percebendo e como está se sentindo em relação a essas atitudes, se o mesmo se mostrar aberto, sugira a Terapia de Casal que pode auxiliar muito nas questões de convivência e no equilibrio da relação do casal, etc.
É importante frisar que embora tenham parceiros no relacionamento que sintam prazer neste jogo de manipulação, existe também o perfil de parceiro que apresenta um padrão inseguro e evita admitir traços de personalidade negativos ou inseguranças que tem de si. Este tipo de companheiro pode se mostrar mais aberto à terapia de casal.
Após realizar uma conversa com seu parceiro sobre as atitudes dele, o mesmo pode ter dificuldade de admitir no primeiro momento. Uma pessoa normal, está propensa a compreenser e discutir a relação, no entanto, se ele não refletir sobre a situação e culpá-la por estarem assim, podemos ter um comportamento narcisista por trás desse perfil e se faz necessário uma reflexão sobre o que você deseja de um relacionamento amoroso, se continuar nesse relacionamento tóxico que está te deixando infeliz é vantajoso? Às vezes o que é óbvio para quem está de fora do relacionamento não é óbvio para quem está nele, justamente por ambos estarem feridos, não se lembrarem que é possível ser e estar feliz em um relacionamento amoroso e esperarem pela mudança do parceiro.
A Psicoterapia com um psicólogo clínico é de grande auxílio neste processo de afastamento do relacionamento abusivo e da relação tóxica que o casal possa estar vivendo, no entanto para trabalhar sobre a autoestima, autoconfiança e amor próprio, que foram afetados no relacionamento e principalmente para evitar recaídas.
Na literatura Kosak, Pereira e Inácio (2018) também apontam sobre a importância de trabalhos que envolvam a sociedade e contribuam para a identificação e eliminação de violências emocionais e relações tóxicas que muitas vezes passam despercebidas, mas que trazem inúmeras consequências para todas as mulheres que as vivenciam. São necessárias a realização de ações que desconstroem essa ideologia de gênero ainda tão arraigada em nossa sociedade. É necessária a luta não só pelos direitos da mulher, mas também ações que visem o empoderamento e autonomia das mulheres.