Como identificar o Transtorno de Conduta
Terapia ajuda pacientes com Transtorno de Conduta
O DSM-5 classifica o Transtorno de Conduta como um padrão de comportamento frequente em que o indivíduo viola direitos básicos dos outros ou regras sociais. O indivíduo deve apresentar pelo menos 3 dos 15 critérios nos últimos 12 meses. Este transtorno está na sessão de transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta no manual.
O Transtorno de Conduta em crianças está associado a um baixo rendimento escolar, problemas de relação, são comuns comportamentos que envolvem atividades sexuais, drogas e também tentativas de suicido. Esse envolvimento com comportamentos de risco pode acarretar quando adolescente o envolvimento na criminalidade. Na fase adulta é notado sérias consequências do Transtorno de Conduta como problemas conjugais, perda de empregos, atos criminosos, prisão e morte precoce.
Critérios diagnósticos para o Transtorno de Conduta:
Provocar, ameaçar e intimidar.
Inicia brigas com frequência.
Usou algum objeto lesivo para com outras pessoas.
Se mostra cruel fisicamente com as pessoas.
Se mostra cruel fisicamente com os animais.
Roubou à força.
Forçou prática sexual com alguém.
Provocou incêndios intencionalmente.
Destruiu a propriedade de outras pessoas intencionalmente.
Invadiu a propriedade de alguém.
Mente e trapaceia com frequência.
Furtou sem confrontar.
Antes dos 13 anos ficava fora de casa à noite.
Fugiu de casa pelo menos 2 vezes morando com os pais ou 1 vez passou um longo período longe.
Falta constantemente nas aulas, com início antes dos 13 anos.
O Transtorno de Conduta é classificado como F 91
DSM- 5 classifica esse transtorno em três subtipos:
F 91.1 Com início na infância, com um sintoma antes dos 10 anos.
F 91.2 Com início na adolescência, com nenhum sintoma antes dos 10 anos.
F 91.9 Quando não há informações sobre o início dos sintomas.
Podendo se especificar se é apresentado:
Emoções sociais limitadas
Ausência de sentimento de culpa
Frieza e falta de empatia
Despreocupado com seu desempenho na escola, trabalho e etc.
Afeto deficiente
Existem 3 níveis de gravidade do Transtorno de Conduta:
Leve – Se estes comportamentos causam danos pequenos a outros. (Ex: mentir, faltar a aula, viola regras etc)
Moderado – Se estes comportamentos estão entre os leves e graves. (Ex: vandalismo, furtar etc)
Grave – Se estes comportamentos causam danos graves a outros. (Ex: Estupro, crueldade, uso de armas, invasão etc)
Visto que o Transtorno Oposição Desafiante é um precursor do Transtorno de Conduta este pode ser apresentado por crianças, adolescentes e na fase adulta.
Fatores de risco para o Transtorno de Conduta:
Fatores ambientais: pais negligentes, inconsistentes, violentos, abuso físico ou sexual, mudanças frequentes de cuidadores, parentes criminosos, nível socioeconômico baixo.
Fatores temperamentais: temperamento de difícil controle, QI abaixo da média.
Fatores genéticos: pais com transtornos de abuso de álcool ou drogas, transtorno depressivo, TDAH, transtorno de conduta e etc.
Alguns eventos podem favorecer ou desestimular comportamentos anti-sociais, como por exemplo o contexto escolar, contexto conjugal e principalmente socioeconômico.
O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) está associado a um aumento na prevalência do Transtorno desafiador opositivo (TOD) e do Transtorno de Conduta (TC). No entanto, crianças e adolescentes que apresentam sintomas de TC são os que desenvolvem problemas mais significativos na fase adulta em comparação a crianças e adolescentes com TOD. É importante salientar também que os diagnósticos de TDAH, TOD e TC, podem se apresentar individualmente. O TOD não antecipa o prognóstico para o Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS), mas o TC sim. (GREVET, SALGADO, ZENI e ABREU, 2007)
O Transtorno de Conduta e o Transtorno de Personalidade Antissocial possuem alguns pontos de semelhança como a crueldade, agressão física, sexual, roubos etc. O que diferencia o Transtorno de Conduta e o Transtorno de personalidade antissocial é que o TC pode ser diagnosticado na infância – adolescência e o TPAS somente pode ser diagnosticado após os 18 anos. (CVIATKOVSKI e GARGHETTI, 2016)
TRATAMENTO PARA O TRANSTORNO DE CONDUTA
No tratamento para crianças e adolescentes, tanto o tratamento com um psiquiatra infantil, quanto com psicólogo infantil se faz necessário. É muito importante um olhar atento para as áreas da vida: social, emocional e também física.
Em crianças de 3 a 8 anos sintomas do Transtorno desafiador de oposição ou do Transtorno de Conduta são percebidos e pedem ações preventivas que envolvam a criança, seus responsáveis e a escola. Muitos destes pais precisam de passar com um psicólogo infantil para realizarem uma terapia de manejo parental, a fim de encontrarem meios para lidarem com os comportamentos do filho. O contato com a escola se faz necessário para que os professores encontrem maneiras mais adequadas para lidar com os comportamentos e necessidades da criança. A psicoterapia infantil contribui para melhorar a autoestima e o autocontrole e com isso oferece recursos internos para que ela consiga controlar melhor o seu comportamento.
Quanto mais precoce o tratamento menos graves serão os sintomas, pois quando mais jovem terá menos resistência a psicoterapia e consequentemente terá maior proveito do processo. No caso do tratamento do transtorno com adolescentes, principalmente com os que já cometeu delitos existe uma alta resistência a psicoterapia, nestes casos é importante também a participação de outros profissionais especializados para lidar com os comportamentos antissociais, por meio das artes e esportes. Nesses espaços o adolescente pode criar um vínculo afetivo com o profissional responsável e tê-lo como modelo. Se possível é importante o envolvimento da família do jovem no processo, pois estes na maioria das vezes também necessitam de tratamento psicológico e também de tratamento psiquiátrico.
O tratamento medicamentoso com um médico psiquiatra é importante e necessário para adolescentes e adultos com sintomas de impulsividade, agressividade, ideias paranoides e convulsões ou em casos que mostram a existência de outros transtornos psiquiátricos como TDAH e depressão. (BORDIN e OFFORD)
A internação somente é indicada em casos em que existe um risco iminente da vida do paciente ou de outras pessoas. Segundo o Manual MSD o tratamento para o transtorno de Conduta é desafiador, porque raramente o adolescente e adulto percebe seus comportamentos como disfuncionais e negativos. Brigar e utilizar de violência para impedir os comportamentos não ajuda e deve ser evitado. Em caso de crianças e adolescentes com sintomas graves do transtorno é preciso afastar do ambiente em que está e inseri-la em um ambiente estruturado com profissionais capacitados.
Ao perceber os sintomas mencionados e ao se ver no discurso: “Meu filho está sendo difícil de lidar”, “Meu filho está muito desobediente e desafiador”, “Só me causa problemas” não hesite em procurar um psicólogo infantil para obter melhor orientação quanto ao tratamento. No caso de adultos a psicoterapia é indicada junto a um tratamento multidisciplinar, com um médico psiquiatra, podendo haver até outros profissionais envolvidos.