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Treino de Habilidades Sociais para indivíduos com TEA (Transtorno de Espetro Autista)

Treino de Habilidades Sociais para indivíduos com TEA (Transtorno de Espetro Autista)

O que são as Habilidades Sociais e como ela Auxilia Crianças com Autismo?

As habilidades sociais são muito importantes para o melhor convívio no contexto social, no autismo é uma das maiores questões a serem trabalhadas. Por meio dos repertórios sociais ocorre a possibilidade de diferentes formas de comunicação, o que permite que as interações entre as pessoas ocorram de modo a promover uma boa qualidade de vida. Essas habilidades podem ser entendidas como competências e comportamentos que contribuem para iniciar e manter relacionamentos sociais, o que facilita a aceitação do indivíduo no meio, assim pessoas com autismo tendem a se relacionar melhor com outras pessoas a sua volta.

Como exemplos de habilidades podemos citar o autocontrole e expressividade emocional, civilidade, empatia, resolução de problemas, assertividade, iniciar e manter amizades e outras que estão relacionadas ao contexto acadêmico, problemas comuns em indivíduos adultos ou crianças com autismo. (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2017. 

 As pesquisas apontam como foco também o contato visual, atenção compartilhada, conversação, fazer comentários, comunicação alternativa, reconhecimento de emoções, teoria da mente e etc. Os treinamentos de habilidades sociais, tem origem nas abordagens da Psicologia comportamental e terapia cognitivo comportamental, altamente indicadas para crianças e adultos com o transtorno do espectro autista.

Transtorno do Espectro Autista, Sintomas e Diagnóstico.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição de causa multifatorial que afeta o neurodesenvolvimento, caracterizando-se pelos déficits na interação social e  repertório de interesses, podendo apresentar comportamentos estereotipados ou repetitivos e atraso na linguagem (DSM 5).

Reconhecer os sintomas do autismo, manifestados pela criança é fundamental para um diagnóstico e intervenção precoce. Comumente, as manifestações clínicas são identificadas por pais, cuidadores e familiares que experienciam padrões de comportamentos característicos do autismo, tendo em vista as necessidades singulares dessas crianças. (CARDOSO et al.,2012)

Os sinais do autista variam e se iniciam antes dos três anos de idade.  A criança com autismo apresenta dificuldade e prejuízos significativos em relação à comunicação verbal e não verbal, na interatividade social e restrição no seu ciclo de atividades e interesses. Neste tipo de transtorno, podem também fazer parte da sintomatologia movimentos estereotipados e maneirismos, assim como padrão de inteligência variável e temperamento extremamente lábil (Adams et al., 2012).

Tipos de Intervenção para o Tratamento de Crianças com Autismo

  • Musicoterapia

A musicoterapia se mostra como um método de intervenção eficaz. De acordo com uma pesquisa realizada por Vaiouli, Grimmet e Ruich (2013) os participantes demonstraram níveis aumentados de contato visual, de respostas à atenção conjunta e atenção compartilhada, foi percebida como uma prática promissora na promoção do engajamento social de crianças com autismo

  • Intervenção no ambiente escolar

Kasari et al (2016), em seus estudos teve como objetivo comparar os ganhos de habilidades sociais de crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) entre 6 e 11 anos em duas estratégias interventivas aplicadas no contexto escolar. A primeira intervenção envolveu atividades de conversação, jogos estruturados, jogos livres, jogos improvisados, contação de histórias e atividades com música. A outra intervenção foi baseada em dar instruções diretas para serem colocadas em prática pelo grupo.

  • Método ABA

No método ABA (Análise Aplicada do Comportamento) entende-se que o comportamento dessas crianças depende de suas consequências, logo são mantidos por relação de contingências e passíveis de modificação. Muitos dos comportamentos disfuncionais emitidos por crianças com autismo são reforçados por suas consequências. Por exemplo, as crianças que fazem uso de gritos ou auto agressão como forma de obter atenção geralmente a conseguem, mesmo que a atenção dispensada ocorra sob a forma de repreensões e assim esses comportamentos são mantidos. À vista disso, resumidamente o objetivo da terapia ABA é de estimular e reforçar os comportamentos-alvo mais adaptativos e extinguir comportamentos inadequados. (PETERSON & WAINER,2011). Por isso, as intervenções comportamentais são importantes para a melhora da qualidade de vida de indivíduos com autismo (TEA).

Terapia Cognitivo Comportamental para Tratar Crianças e Adultos com Autismo

O psicólogo terapeuta Cognitivo Comportamental trabalha o Treino de habilidades sociais, que consiste em desenvolver essas habilidades desejáveis para que o paciente tenha repertório para lidar com as situações cotidianas de forma eficaz e adaptativa.(DILASCIO & LIMA, 2016). Seus principais componente são: 

  1. Treinamento de habilidades: Uso de estratégias comportamentais como instrução, modelação, ensaio comportamental, reforço e retroalimentação 
  2. Reestruturação cognitiva: Mudança de crenças e pensamentos automáticos disfuncionais por meio de técnicas de questionamento socrático, cartão de enfrentamento, lista de vantagens e desvantagens, autoinstrução,  etc. 
  3. Redução do nível de ansiedade e resolução de problemas sociais: O ensino das habilidades sociais é realizado de maneira gradual, priorizando as habilidades mais primárias progredindo para comportamentos de maior complexidade. 

O psicólogo juntamente com o paciente estabelece metas claras e específicas. Propõe focar nos comportamentos e pensamentos do paciente, pois indivíduos com Transtorno do Espectro Autista são muito racionais e, uma abordagem mais direta pode se mostrar mais eficaz.

O treino é estruturado e com instruções explícitas, no caso de indivíduos com comportamento verbal mais desenvolvido, as auto instruções e registros de pensamento são importantes. Já em casos de pacientes mais visuais, o roleplay, história em quadrinhos pode apresentar resultados mais satisfatórios.

 As sessões de psicoterapia estruturadas e previsíveis reduzem o nível de ansiedade em pacientes autistas, pois os mesmos costumam apresentar alto nível de ansiedade e dificuldades com mudanças. (DILASCIO & LIMA, 2016).

Hartup (1989) aborda que as habilidades e a competência social emergem das experiências sociais ocorridas em relacionamentos verticais e horizontais. Esses dois tipos de interações possuem funções diferentes e são igualmente importantes na vida dos indivíduos com TEA. As relações verticais são constatadas na aquisição de conhecimentos e modelos comportamentais, tendo uma base segura. Já as relações horizontais, são as trocas de papéis, compartilhamento de atividades que requeiram negociação, são as relações entre pares. (HARTUP, 1989)

O treinamento em dupla também pode trazer benefícios para crianças que necessitam de habilidades mais complexas, em relação a sutilezas não verbais que demonstrem que a pessoa não está interessada na conversa, por exemplo. 

Essas habilidades são trabalhadas por um psicólogo, com crianças, adolescentes, adultos e não é um tratamento exclusivo para indivíduos com TEA. É importante salientar a participação ativa da família como coterapeuta do processo, contribuindo assim para o desenvolvimento dessas habilidades fora do espaço terapêutico.

Em Guarulhos, a Aster Psicologia e Psiquiatria é uma clínica especializada em saúde mental. Conta com uma equipe multidisciplinar, composta por psiquiatra, psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas que oferecem um trabalho diferenciado, focado em resultado e na melhor individual de cada paciente.

Escrito por: D.N. Pegoraro – Psicóloga Clínica

Referências bibliográficas
DEL PRETTE, Zilda Aparecida Pereira; DEL PRETTE, Almir. Psicologia das habilidades sociais na infância: Teoria e prática. Edição digital. Petrópolis: Vozes, 2017
DILASCIO, L. & LIMA, M. Treinamento de habilidades sociais na síndrome de asperger. Revista debates em psiquiatria, 2016.
SOUSA, Cynthia Alves Felix; ARAUJO, Henrique Jonathan Nascimento; BARBOSA, Mayara Ferreira. Ensino de habilidades sociais para pessoas com transtorno do espectro autista: uma revisão sistemática, 2022. http://dx.doi.org/10.5902/1984686X65428
CARDOSO, C, ROCHA JFL, MOREIRA CS, PINTO AL. Desempenho sócio-cognitivo e diferentes situações comunicativas em grupos de crianças com diagnósticos distintos. J Soc Bras Fonoaudiol.24(2):140-4. 2012.
ADAMS C, LOCKTON E, FREED J, GAILE J, EARL G, MCBEAN K, et al. The social communication intervention project: a randomized controlled trial of the effectiveness of speech and language therapy for school-age children who have pragmatic and social communication problems with or without autism spectrum disorder. J Lang Commun Disord.47(3):233-44. 2012.
HARTUP, W. W. Social relationships and their developmen- tal significance. American Psychologist, v. 44, p. 120-126, 1989.
KASARI, Connie. et al. Children with autism spectrum disorder and social skills groups at school: a randomized trial comparing intervention approach and peer composition. Journal of Child Psychology and Psychiatry. v. 57, n. 2, p. 171–179, 2016.
VAIOULI, Potheini; GRIMMET, Kharon.; RUICH, Lawrence. ”Bill is now singing”: Joint engagement and the emergence of social communication of three young children with autismo. Autism, n. 19, p. 1- 12, 2013.

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